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domingo, 21 de outubro de 2007

O DOM DA VOCAÇÃO

O chamamento que Deus nos faz, dom da nossa vocação é uma forma interior que nos pede para abdicar do mundo, fugir desta sociedade que nos consome. Na verdade é um acto de doação para sempre, para o resto duma vida que nos dispomos viver e abdicar de tudo aquilo que consideramos bom, incluindo a família, e sobretudo, fazê-lo por amor a Deus.
Foi com esta intenção que me decidi entrar para a Ordem dos Frades Menores, quando tinha dezanove anos. Hoje com sessenta e dois e quarenta e três de vida religiosa, digo que vale a pena ser de Deus e filho de S. Francisco de Assis. Durante estes anos, a maior parte tem sido vivida ao serviço dos irmãos doentes e idosos, fiz uma experiência enriquecedora ao abraçar a cruz do sofrimento. Ser religioso, tem os seus custos, mas é aqui que nos encontramos, mais perto de Cristo. O silêncio e a oração, são outra forma de vida, onde tudo se torna diferente.
Entrei para franciscano em 3 de Outubro de 1964, desde então para cá aprendi muita coisa e a conhecer-me cada vez melhor. No princípio custou-me um pouco a adaptar-me, mas a experiência foi-se convertendo em alegria e serenidade interior. Nunca tive o sentimento de dúvida. Queria encontrar o essencial da minha vida e ser feliz como eu via os outros irmãos. Queria ser de S. Francisco de Assis, os meus pais diziam-me que eu não ia aguentar muito tempo, que era uma vida muito disciplinada e austera. Acabaram por aceitar a minha vinda para a Vida Religiosa e depois já sentiam uma certa vaidade por terem um filho franciscano. Já faleceram à trinta e dois anos.
Foi por aqui que comecei e é por aqui que quero chegar a Deus. Só somos bons religiosos se estivermos muito unidos a Deus e à Sua Vontade.
A vocação religiosa não é vista com muita naturalidade. É sem dúvida provocadora de questões, de sentimentos e de interrogações sobre o sentido da vida. Cada vez me apercebo mais que foi uma opção válida como, poderia ter sido, o casamento. É claro que sem fé a nossa vida não tem sentido algum.
Deus tem para cada criatura um plano de felicidade. Os conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, comprometem-nos para toda a vida, é uma forma de vida e de nos apresentarmos ao mundo. Ser-se franciscano, passa também por viver em comunidade. A nossa relação como irmãos é muito intensa e fraterna, apesar de haver enormes diferenças em idades e serviços, a fraternidade é a palavra de ordem. Logo de manhã cedo, começa o dia com a oração de Laudes. Depois cada religioso segue para os seus trabalhos. Tomamos as nossas refeições e pelo fim do dia, voltamos a juntarmo-nos para a Eucaristia, meditação e Vésperas. Depois da refeição da noite convívio e partilha fraterna. É uma vida de alegria e porque não de algumas tristezas!...em todas as classes sociais existem.
Sou franciscano por opção. Há coisa que mudam na nossa vida. Deixar tudo e vir para a vida consagrada é o modo mais nobre de amar alguém, de dizer a alguém que lhe quer todo o bem do mundo, é faze-lo em Deus, no trabalho aos irmãos. Este encontro entre a vontade do divino e a obediência humana: acordo perfeito entre o espírito, sentidos, inteligência e vontade. Foi esta vontade que me motivou para o amor de Deus. É a caridade para com o sofredor e o pobre que dá dimensão à minha vida.
Ninguém pode ser apóstolo, se não cuidar do mais pobre. Só rezar não salva, se não houver caridade. Todos nos devemos envolver com os pobres, e depois disto a oração ganha novo sentido.
Hoje começaria tudo de novo e acredito no Senhor que pode tudo e a Sua graça me basta. Nas tempestades da vida, umas maiores que outras, sempre as tenho enfrentado com ânimo e fortaleza. Não fujo da minha cruz, todos temos a nossa. A vida religiosa como eu a entendo, é um caminho para o céu.
Frei José Jesus Cardoso, OFM.

sábado, 13 de outubro de 2007

FÁTIMA TEMPLO DA SANTISSIMA TRINDADE

Fátima, 13 de Outubro de 2007, Milhares de peregrinos concentraram-se de manhã no Recinto do Santuário de Fátima para as cerimónias principais da Peregrinação Internacional de Outubro, que marca o fim das comemorações das 90 anos das Aparições. O santuário quase cheio de peregrinos.
Horas depois de ter aberto as suas portas, a Igreja da Santíssima Trindade tem sido a estrela da atenção dos peregrinos que têm aproveitado para conhecer o novo templo do Santuário de Fátima.
Durante a noite, milhares de peregrinos concentraram-se na nova igreja para assistir à vigília e eram muitos os que percorriam as capelas, as alas e a nave central do novo templo católico.
Os peregrinos procuram os locais de afeição particular, como é o caso da nova estátua de João Paulo II, colocada em frente à igreja, onde se podem ver vários ramos de flores, um sinal da devoção dos crentes pelo Papa João Paulo II. A imagem de Cristo sobre o altar bem como o painel em ouro da parede de fundo são outras das obras que mais impressionam os peregrinos. A celebração principal da manhã foi presidida pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, numa cerimónia que encerrou as comemorações dos 90 anos das Aparições.
Maria presença Materna do sinal do Amor de Deus, quis ali em Fátima aparecer aos pastorinhos, trazendo a mensagem de reconciliação e perdão.
Na homilia o Cardeal Bertone disse: “face aos pretensos senhores destes tempos (acham-se no mundo da cultura e da arte, da economia e da ciência e da informação) que exige e estão prontos a comprar, se não mesmo a impor, o silêncio dos cristãos invocando imperativos de uma sociedade aberta”. Face a tais pretensões, o mínimo que podemos fazer é rebelar-mos com a mesma audácia dos Apóstolos não podemos calar o que ouvimos e vimos”. Disse ainda: “que sem negar o valor dos sacrifícios e penitências voluntárias “, a penitência de Fátima é a aceitação submissa da vontade de Deus.
Segundo o Cardeal, Fátima é”conversão, emenda de vida, deixar de pecar, reparar a Deus ofendido no irmão “.

Fr. José Jesus Cardoso, OFM.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

S. FRANCISCO DE ASSIS HOJE.

Nós hoje, celebrar a memória da morte de São Francisco de Assis, na Igreja e em especial na Ordem Franciscana. Ser Franciscano, não é apenas conteúdo. É espírito, maneira de ver as coisas, de vivê-las, de assumi-las e de equacionar os grandes conflitos de vida e de morte. S. Francisco de Assis o fez em sua época, e o faria hoje: S. Francisco, não teve nenhuma pretensão, a não ser de dar-se. Quis estar junto do outro. Ser Menor, pequeno. Para entender a grandeza do outro, não o atropelando em sua dignidade.
Para ele, a morte é o grande momento de louvor que o ser humano presta a Deus. E ele fez de sua vida e de sua morte encontros que o colocaram no coração daquele que lhe deu a vida. O que nós queremos é também neste momento, embeber a nossa vida, o corpo e a alma desta fonte que é São Francisco, seu carisma, sua obra e seu ideal. Façamos, também nós, dos nossos dias, os dias que o Senhor nos dá, um grande hino de agradecimento e louvor a Deus, pois num homem tão frágil e tão pequeno como o foi São Francisco, Deus quis mostrar toda a sua misericórdia e confirmar seu amor para com todos os seres humanos.
A nossa celebração, da memória da morte de São Francisco, nos faça aprender a louvar e a bendizer a Deus por tudo, pela sua graça, por sua misericórdia, por sua vida, por sua presença. Comecemos, Irmãos! O nosso mundo tem sede de Deus.
O dia 4 de Outubro, para a Família Franciscana e de modo especial para a Ordem dos Frades Menores, esta celebração se reveste de grande solenidade. S. Francisco de Assis tornou-se inspiração daqueles valores mais altos do Evangelho. Por isso, a sua mensagem atravessou os século, e contínua a despertar no coração da humanidade aquilo que de melhor ela pode realizar.
“ Ó´ Deus que fizestes o Seráfico Pai S. Francisco assemelhar-se ao Cristo por uma vida de humanidade e pobreza, concedei que, trilhando o mesmo caminho, sigamos fielmente o vosso Filho, unindo-nos convosco na perfeita alegria”.

Frei José de Jesus Cardoso, OFM.

 
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