A todos os que visitais este espaço, votos sinceros de paz e bem!

sábado, 31 de março de 2007

NOVOS FRANCISCOS E NOVAS CLARAS

Estou muito feliz, já se vão vendo novos Franciscos e novas Claras.
Acho que a hora dos leigos chegou e nós religiosos só devemos aplaudir. Jovens que querem dedicar toda a sua vida à igreja. Assim como nós religiosos consagrados o fazemos. Aparecem com uma nova forma de testemunhar a fé. Tudo o que nós temos é dizer a esses irmãos: Vem vindos para a vinha do Senhor. Vinde e cuidai dos pobres. Ninguém pode ser apostolo se não cuidar dos pobres. Só louvor não salva, só oração não salva. Temos de ter caridade para com os sofredores com os pobres e com os doentes. Só isto dá a dimensão da salvação mais completa e mais plena.
É para isto que nós existimos, se não víamos a nossa vocação estéril. Todo o louvor tem de ser libertador, porque o louvor leva à compaixão se ele é verdadeiro. Toda a pregação social, se for verdadeira, leva ao louvor e à oração e então dá conta do trabalho com a graça de Deus.
Sendo assim, todo o sujeito profundamente envolvido com os pobres está rezando e todo o religioso que verdadeiramente ora, está a ter dó do pobre. Uma coisa chama a outra e Deus está connosco no nosso trabalho.


Fr. José de Jesus Cardoso, ofm

quinta-feira, 29 de março de 2007

AO ENCONTRO DOS MAIS POBRES



Nada ofendia tanto S. Francisco de Assis, como ver entre irmãos, quer nos conventos, quer fora deles, alguma coisa contrária à pobreza.
Devemos evangelizar o trabalhador e não o trabalho, os sistemas e não as estruturas, a condição do outro e não dos pobres.
Os franciscanos devem compartilhar a vida com os menores, com os mais pequenos, com os mais próximos a começar pelos irmãos.
Os franciscanos devem ser anunciadores das injustiças. A opção pelos mais pobres faz parte da nossa vida de Menores. Muitas vezes servimo-nos deste lema para acolher os pobres de espírito e os ricos de bens materiais.
Somos desafiados a viver as prioridades dos mais pobres. É certo que não podemos resolver os problemas universais, mas podemos ajudar os que estão à nossa volta.
Por causa da lógica do ter, do crer e do poder, muitas vezes sacrificamos os nossos deveres dos quais nos tornamos réus.
O nosso carisma, leva-nos a praticar a nossa Menoridade Evangélica na promoção e na justiça. Estar ao serviço dos que estão em último na sociedade é estar, com Francisco de Assis, na entrega total ao Senhor pobre e crucificado.
Estas situações devem interpelar-nos na medida em que devemos construir um mundo mais justo e fraterno.
O Franciscano deve ser um faminto de justiça social e estar ao serviço da Igreja de Jesus Cristo. Temos de encontrar objectivos no amanhã em lugar do ontem. Continuamos a ter mundos por descobrir e franciscanismo para viver.
Confiemos na misericórdia de Deus que nos ama com um coração paterno, para nos salvar. È uma esmola de um pobre, à humanidade, pobre prefigurado na entrega total de Cristo.

Fr. José de Jesus Cardoso, ofm.

quarta-feira, 28 de março de 2007

FESTA DE RAMOS


A liturgia do Domingo de Ramos é o início de várias cerimónias litúrgicas da Semana Santa. Celebrações que nos relembram a realidade da nossa implicação no Reino de Deus. São momentos contrastantes entre si. O acolhimento de Jesus em Jerusalém e o drama da Paixão. “Solta gritos de Júbilo, filha de Jerusalém! Que o teu Rei vem até ti “(Zc 9,9), profetas, que muito dos quais nela sofreram o martírio por causa da verdade. Esta cidade que ao longo dos séculos tem conhecido a violência e a guerra.
Jerusalém cidade símbolo da humanidade. Hoje estamos em festa, porque Jesus, o Rei da Paz, entra em Jerusalém. A Paz é um dom de Cristo, que Ele nos obteve com o sacrifício da cruz.
Hoje mais que nunca precisamos de subir com Cristo até ao Calvário para obtermos o testemunho do amor.
Maria Mãe de Jesus, testemunha silenciosos aqueles momentos decisivos para a história da Salvação. Não há dúvida de que a festa de Ramos é um marco na história do mundo. Este sinal é-nos trazido ao longo destas celebrações que antecedem a Páscoa, onde o seu conjunto formado pelo Ramos, pela Paixão, pela Morte, pela Ressurreição, a fazer sentido.
Muitas vezes ficamos bloqueados pela Paixão e pela Morte de Jesus e não temos grande força para nos espantarmos com a Ressurreição ou alegrarmos com a maravilha do Pentecostes.
Senhor Jesus, nós vimos como sofreste e como morreste por nós. Com a tua cruz nos redimistes. Tantos e tantos cristãos que ao longo dos séculos ouviram o teu apelo na cruz e continuam a cometerem os mesmos erros.
Quem nos pode guiar nesta caminhada? Só a Mãe de Jesus modelo de todas as virtudes
.

Fr. José de Jesus Cardoso, ofm.

terça-feira, 27 de março de 2007

MAIS SOLIDARIEDADE COM OS IDOSOS

Os Idosos muitas vezes são considerados como figuras gastas, solitários e um encargo. Eles têm o direito de exigir o seu lugar no seio da FAMÍLIA e em certos casos vêm-se obrigados a mendigar o que sobra aos outros .
Em algumas famílias, os Idosos, são considerados como o livro da sabedoria, portanto respeitados.
O Idoso ao ser rejeitado, acelera o processo de envelhecimento. Por outro lado, as alterações do comportamento do Idoso, devem ser interpretadas como reacção à vivência da desvalia da auto- imagem directamente dependente da diminuição das suas capacidades funcionais que o levam à inferioridade. O Idoso, tornando-se pouco a pouco mais frágil, tanto sob ponto de vista físico, como psíquico, torna-se cada vez mais dependente de um meio que se torne cada vez menos tolerante.
A reforma é mal vista, na medida que é sentida como morte social. Os amigos começam a desaparecer, a começar pela família, o medo da solidão a impossibilidade de se deslocarem, etc. O envelhecimento é tudo isto e mais as alterações físicas e fisiológicas. Resultantes do próprio envelhecimento, qualquer plano terapêutico são recurso e ajuda.
Envelhecer com dignidade é um dom e um estado em que nos temos de preparar.
Na verdade a pessoa não é só biologia ou composto psicossomático. É um projecto de vida que inclui corpo e espírito, tempo e eternidade. Cada pessoa é o seu corpo e a sua alma.
A própria História é muitas vezes composta de alegrias e sofrimento. É necessário sensibilizar os mais jovens de forma a estarem conscientes da própria concepção de velho, que amanhã se tem de usar fralda, cadeira de rodas, algália e uma cama como cruz, onde o sofrimento redime e nos põe mais perto da Cruz de Cristo. Na nossa vida, já começamos a primeira estação, as outras vêm depressa e a eternidade é uma vida inteira
Não tenhamos pressa, mas preparemo-nos para ela, que ela vem para todos.
Fr. José Jesus Cardoso, ofm.

segunda-feira, 26 de março de 2007

ANUNCIAÇÃO DO SENHOR

Esta festa, em que o Arcanjo Gabriel Anuncia a Maria que vai ser Mãe do Filho de Deus. Esta festa acontece exactamente nove meses, antes da natividade.
Este dia começou a ser celebrado pelos cristãos de Nazaré e mais tarde introduzida na Igreja pelo papa Sérgio I. Quase sempre se celebra durante o tempo da Quaresma, com vigília e se celebra a 25 de Março. Este ano concidiu com o Domingo da Quaresma, celebrando-se a festa no dia 26, dia do Arcanjo São Gabriel o Anjo da Saudação a Maria Mãe de Jesus, “Ave ó cheia de graça, o senhor está contigo, conceberás...O verbo Se carne e veio habitar entre nós.”
É neste dia que celebramos o princípio da nossa salvação. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amámos adeus, foi Ele que nos amou e nos deu o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados; Jesus o Mediador entre Deus e os homens, que se entregou à morte para redenção de todos.
Maria, Mãe de Jesus, encontrou graça diante de Deus e por este bem que Deus concedeu à humanidade no silêncio do lar de Nazaré, pedimos a Maria que conceda ao Mundo inteiro a alegria da salvação e a paz verdadeira que Cristo nos veio revelar, sobretudo na Terra Santa, a primeira acolher o príncipe da paz, a luz e Salvação para o mundo.


Fr. José de Jesus Cardoso, ofm.

domingo, 25 de março de 2007

NA PRESENÇA DE DEUS

Viver na presença de Deus é sentir-nos em Suas Mãos.
É sentirmo-nos em atitude de viagem, como Abraão e Moisés que deixaram a terra para servir a Deus. A vida de cada um de nós é uma viagem, logo a partir do nosso nascimento até ao fim da vida. Assim é tudo desde que começa até que acaba. O ser humano sempre foi assim.O franciscano, homem de aventura, deve viver nesta atitude interior desabrochando a vida como caminho do seu próprio ser. A voz de Deus, continua a chamar.
A vida, se é uma viagem, porque não transformá-la numa vida santa? Porque não fazer das nossas vidas um modelo desta viagem na presença de Deus?Abraão, Moisés, Maria, S. Francisco de Assis e muitos outros santos optaram por esta viagem. Todos eles têm pontos em comum. Todos eles tiveram e viveram dificuldades como nós.Qual é a nossa experiência de viagem?Como nos colocamos no sentido de uma vida que passa? A morte é o encontro com Deus e o fim da nossa viagem.Não podemos ficar satisfeitos com a vida que temos. É uma obrigação melhorá-la sempre como recorda S. Bernardo ao dizer que: “quem não vai para a frente vai para traz”. Por isso o franciscano deve interrogar-se e colocar-se no sentido da vida na presença de Deus e num empenhamento contínuo, em realidade, para que o mundo que nos rodeia veja o dom de Deus e o dom da vida que Ele nos deu e a partilhámos em comum, porque podemos correr o risco de cair no nosso projecto pessoal.


Fr. José de Jesus Cardoso, ofm

AUTO-BIOGRAFIA


Estas Letras não pretendem ser memória ou biografia, mas somente, um modesto contributo para um melhor entendimento da minha vida religiosa e franciscana, através destes anos. “longos”, se bem que brevíssimos, em função do muito que sonhei e ainda por concretizar.
São silêncio feito coração e voz de presença amiga em tempo de expectativa. São uma humilde lamparina a tremelizar no altar da vida. Têm sido êxitos e fracassos trilhados com amor e doação.
Deus espelha na grandeza das montanhas, dos rios e dos mares, no sorriso das crianças o brilho de Seu Esplendor e sobretudo o amor humano. O homem é limitado, finito e de memória curta.
Assim, o modo mais nobre de amar alguém, de dizer a alguém que lhe quer todo o bem do mundo, é fazê-lo em Deus, no trabalho aos Irmãos.
Assim, quero com esta página, em jeito de oração da tarde e na hora de Vésperas ou Completas, são a expressão, ainda que pálida, de quem reza, comunga, não regateia e agradece. Quando morrer o que fica de mim é aquilo que fiz aos outros. A paz é um grande encontro entre a vontade do divino e a obediência humana; acordo perfeito entre o espírito, sentidos, inteligência e vontade. Foi esta vontade que me motivou para o amor de DEUS. Um acordo perfeito entre o espírito e a vontade. Foi assim que eu decidir viver na casa de Deus, como lâmpada para a noite, onde já existia esplendor da Lua e durante o dia o calor do sol, aqui acendi a chama que me entusiasmou. Foi esta paz que eu sonhei.
Há coisas que mudam a nossa vida. Deixei tudo e não foi muito, para seguir a Cristo na vida religiosa, fi-lo de boa vontade. Foi a 3 de Outubro de 1963. A vida com Deus tem outro valor. A alegria, a paciência, a tolerância, a caridade, a humildade e o amor ao próximo são o enriquecimento da alma que serve o Senhor.
É na caridade para com o sofredor e o pobre que dá dimensão à minha vida. Ninguém pode ser apostolo se não cuidar do mais pobre. Só rezar não salva, se não houver caridade. Todos nos devíamos envolver com os pobres, todos acabam por rezar. Uma coisa chama a outra.
Quanto menos for a minha confiança em Deus, maior é o meu medo. Hoje começaria tudo de novo para melhor servir o Senhor.
Acredito no Senhor que pode tudo e a Sua graça me basta. Eu sei que o evangelho é exigente, tenho de ser radical comigo memo. Foi necessário na minha vida trocar oração por penitência, caridade com boas obras, tristezas com alegrias.
Nas pegadas de S. Francisco, que tão maravilhosamente soube louvar o Senhor, fui o mais recto possível no serviço aos Irmãos e em todo o trabalho que prestei à Província e à Ordem Franciscana. Deus é Paz e a Paz não tem preço, mas não é barata. Nas tempestades da vida maiores ou menores respondi sempre com ânimo e fortaleza. Quero que a minha vida se consuma no serviço de Deus. Não fugi da minha cruz, a fim de viver para Deus.
A vida religiosa como eu a entendo é um treino para o céu. O critério do religioso, deve ser o critério da cruz.
Foi no escutar S. Francisco de Assis, que ocupei o coração num espaço só para Deus. Esquecer este escutar é esquecer a própria vida. Na interioridade o religioso deve transcender as coisas. Sempre quis que os valores da minha vocação se transformassem em dignidade na cruz de Cristo.

Fr.José Jesus Cardoso, ofm.




OS MEUS DIAS

O horizonte não é, senão uma linha imaginária. Imaginários são os meus dias. O céu não é um promontório que fica sobre as nuvens que atravessam o pensamento, por isso nada valho para ser tudo aquilo que não pareço. Nunca nascemos preparados para aquilo que se parece. Aos olhos dos nossos sentidos, tudo é branco ou preto, bom ou mau. Pelos olhos dos nossos sentimentos, existem dias bons e maus, embora muitas vezes não sejam aquilo que parecem. São dias! Todos os dias são iguais aos outros. Nascem como todos os dias, pela manhã e adormecem com o por do Sol. Todos os dias olho com alegria e ternura os problemas e padecimentos dos meus irmãos doentes. Olho, escuto as queixas, as dores, o sofrimento e muitas vezes as alegrias. Muitas vezes oiço, mas não vejo. Uns dias as pessoas parecem-me felizes, bondosas apesar de maldizentes. São carinhosos se bem que omissos. Estou muito atento, porque muito mal pensam por si. Curvo-me ao destino na esperança que eles vão vendo o fim e não esquecem o passado. Não é a minha relação com eles que lhes abrem novo horizonte, ou o céu. Todos arrumam a casa com certo método. Devagarinho, se vão transformando em anjos sobre nuvens e o céu passa a ser o seu horizonte, de todos talvez.
Neste mundo nada vale por aquilo que parece. Todos nascemos pequenos. Nós os frades, devemos ser estes pequenos, estes menores e esquecemo-nos que somos de Francisco de Assis. Há sempre um nada que nos leva a escutar e a ver aquilo que não somos. O caminho da caridade e da bondade o mais seguro e que nos deve tornar atentos.
Basta que tudo aquilo que sentimos encontre no horizonte o céu que tanto buscamos.


Fr. Jose de Jesus Cardoso

sexta-feira, 23 de março de 2007

O MUNDO MUDOU PARA FRANCISCO

Em Francisco houve uma mudança de valores. Aquilo que parecia muito importante tornou-se desprezível. Aquilo que era paixão na sua vida, tornou-se objecto de desprezo.
É triste colocar toda a energia da vida naquilo que mais se quer.
Francisco era rico, tinha saúde, tinha amigos, tinha posição social e era o rei das festas juvenis. Num dia despreza todas as coisas e a si mesmo, noutro cai gravemente doente. Aqui, ele vê o contrates -te da vida, sente a verdade dos seus sonhos. É aqui que ele se depara com a tragédia da pessoa humana, sentindo-se vazio, inútil...
É nesta circunstância que o Senhor o apanha e lhe mostra a sua Misericórdia. Francisco, num dos seus passeios a cavalo, viu surgir de repente um leproso, uma criatura humana excluída da sociedade. Por uns instantes sentiu repugnância mas, condoído, atira-lhe umas moedas. Logo a seguir sentiu no seu coração a voz da consciência que o levou a ver, no leproso, o próprio Deus. Salta do cavalo, pega-lhe nas mãos e beija-as. Estava convencido de que beijando a mão do leproso, beijava a Mão de Deus. Francisco viu, neste homem, alguém maior que ele: o seu Senhor, o seu Deus.
É muito cómodo ver o problema de longe e simplesmente cooperar com alguma coisa. Sujar as mãos quem é capaz?
Hoje quem é que se quer sujar com os nossos doentes, os nossos Irmãos?
Francisco tem misericórdia, é amigo e companheiro.
Francisco hoje não tem em vista nenhuma obra, a não ser dar a sua própria vida ao serviço dos irmãos.
Hoje, neste sentido, o mundo vive um problema humano. Os homens só se preocupam em dar as sobras das suas vidas. Cristo não aprecia este tipo de caridade. Francisco encarnou em si Jesus Cristo e em volta desta rica alma de Deus, reuniu o primeiro grupo de irmãos para viverem em pobreza, em fraternidade e alegria.
Hoje, numa sociedade tão materialista, uns procuram Deus como fuga, outros como ideal, outros procuram-no como chefe.
Sejamos todos como Francisco de Assis: “Senhor, fazei que eu procure mais, consolar que ser consolado. Compreender que ser compreendido. Amar que ser amado...”

Fr. José de Jesus Cardoso, ofm.


quinta-feira, 22 de março de 2007

A VIDA E A MORTE

Encarar a Vida e a Morte “de forma lúcida”, deixando ficar tudo o que partilhamos nos últimos momentos para os que cá ficam. A Vida é como uma ponte que liga duas extremidades “o nascimento e a morte) e a forma como devemos atravessar essa mesma, que definirá toda a nossa existência.
A morte é uma característica essencial do homem, como de todos os seres vivos, mas é o único que tem consciência da inevitabilidade da morte e de uma vida finita no tempo. Deste modo, a morte não se limita a um derradeiro acontecimento, mas engloba toda a vida. A vida e a morte identificam-se.
Tentarei aqui exprimir da minha experiência pessoal de 25 anos a trabalhar com doentes e onde assisti á morte de várias dezenas de Irmãos que ao longo, deste tempo foram morrendo nesta Enfermaria. Cada um é um caso. O sentido e o fim é a morte, com mais ou menos sofrimento. O coração parou e a vida finou. Todos morrem. De todas as vezes me interrogo, como será o meu fim!
Há muito que dizer sobre a morte. Para se ser feliz é preciso reconhecer que a Vida é Mistério. Pode morrer-se durante o sono, em viagem, ou simplesmente sentado numa cadeira, ou estar dias em coma. Entre nos, podemos morrer de olhos “abertos”, serenamente e acompanhados. São raros os casos que assim não acontece. Até, porque estamos dotados de estruturas de cuidados paliativos que assistem os nossos irmãos no fim da vida
Os doentes têm muitos direitos. Por isso, no fim da vida cada um de nós, pode fazer da sua morte uma lição de vida para os outros. Entre nós e nos nossos dias, vive-se uma morte solitária, escondida e despida de sentido. Devíamos ter a coragem de partilhar os nossos sentimentos com os irmãos doentes e principalmente no estado terminal. Perante a morte do outro irmão, contra a qual nada se pode fazer, senão, estar presente e manter a confiança.
Tenho apelado sempre ao médico, por uma boa prática médica de ajuda no sofrimento. A medicina, a meu ver é cada vez mais técnica. Os Hospitais mais parecem empresas, onde se valoriza a competência técnica e não o humano. A sociedade actual desenvolve níveis técnicos – científicos para melhoria de qualidade de vida – que vieram alterar radicalmente a vida do homem. Por isso o drama da morte foi alterado.
O irmão moribundo lê nos nossos olhos e vê se tem lugar no nosso coração. É através dos nossos gestos que ele vê se está a ser acolhido. Todas as situações extremas devem ser tratadas com caridade. Recordo o que alguns me disseram;” da morte não tenho medo”. Só temo o morrer. Durante estes 25 anos, aqui nesta Enfermaria da Luz, constatei, que quase todos morreram de olhos abertos e de grande dignidade. Junto de um irmão que está a morrer devemos estar com muita dignidade e, em silêncio e muito calmos a seu lado.
A morte põe um termo à vida mas não à relação. Depois da morte o rosto está marcado pelo repouso, pela paz e pela nobreza de cada um. Por mais vírgulas e pontos-e-vírgulas que ponhamos na vida, nunca somos nós quem determina o ponto final. Aqui fica o desafio: que cada um olhe para sua própria vida.
Ter fé não quer dizer não ter sentimentos, que não choremos, pelo contrário. Sofre-se ainda mais. Entre nós não há muito o sentido de dor de quem parte. Damos sempre uma maior abertura e uma maior compaixão. S. Francisco de Assis, Cantou à Irmã morte, mas os mortos só morrem quando nós os esquecemos.
Parafraseando S. Francisco de Assis podíamos dizer: “ Louvado sejas, meu Senhor, pala Irmã Vida, pela Irmã Morte” .


Fr. José de Jesus Cardoso, ofm.

quarta-feira, 21 de março de 2007

CRISTO, EU E A DOR

Ao Criador devo o ar que respiro, o Sol que aquece, a chuva que rega os campos, a saúde, a casa, a família religiosa a que pertenço, o sono e o bem estar, enfim todos os bens.
Se julgo que sou alguma coisa, não sendo, engano-me a mim próprio e vivo da mentira.
Quero sentir como próprias as necessidades e as misérias alheias.
Não é humilde desconhecer os dons recebidos de Deus. O meu dever é reconhecê-los, agradecê-los de todo o coração.
A humildade é uma espécie de radiografia que me diz o que falta agradecer a Deus por tudo quanto lhE peço e que Ele tem feito por mim.
A humildade faz-me conhecer o limite das minhas forças e revela-me os meus próprios defeitos para os poder corrigir.

Senhor, dou-te o meu tempo, porque não posso dar-te outra coisa; tempo para os outros que precisam de contar as suas dores.
Quero ser paciente, ser ajuda na cura emocional.
A maior expressão de amor é ir ao encontro do que sofre na dor.
Cuidar do irmão que sofre é muito gratificante. É uma atitude compensadora quando nos sentimos pregados à cruz de Cristo pela dor dos nossos irmão.
Ajudar a suavizar a dor dos irmãos, ajuda-me, quantas vezes, a refazer o meu próprio equilíbrio.
Graças, Senhor, pelo tempo dedicado aos outros e pelo tempo que os outros me dedicam.

Fr. Cardoso, ofm

Dia Mundial da árvore



"Louvado sejas, meu Senhor,
pla nossa prestimosa madre terra.
Que nos oferece o pão, é nosso arrimo
tantos frutos e ervas flores encerra"
(S. Francisco de Assis)

Neste dia mundial da árvore

pedimos a São Francisco

que proteja a natureza

Hábito Religioso

O Hábito Religioso é um programa de vida, aberto aos olhos de quem o vê. É um sinal com valor psicológico de qualquer outro sinal. E por isso, não deve ser guardado para mortalha inútil e hipócrita.
O Hábito não faz o monge!
Mas ajuda o Monge.
O Hábito é a veste oficial dos soldados de S. Francisco de Assis.
O Hábito é como uma esperança, não o devemos deixar morrer tão cedo!.....


“autor desconhecido”.

segunda-feira, 19 de março de 2007

BEM VINDOS!

PAZ E BEM!

Hoje quis entrar, também eu, neste mundo da globosfera.
Dia do pai, dou à luz um blog como se de um filho se tratasse, com o carinho de quem inicia uma caminhada de crescimento, pai e filho (figurativamente, claro) que caminharão dia após dia na partilha de pensamentos de vida.
Hoje inicio a subida, que sei será calma e de muita aprendizagem, à mente e ao coração. Subida de encontro ao que me vai, tantas vezes, na mente e que desejo partilhar com os amigos.

Aos que vierdes a entrar neste blog e vos dignardes fazer parte dos meus amigos, peço a bênção de S. José, esse grande Justo que aceitou os designios de Deus e foi o Pai adoptivo de Jesus.

Como Francisco de Assis vos deixo com a paz:

"O Senhor vos abençoe e vos guarde..."

José cardoso

 
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