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domingo, 28 de novembro de 2010

PAI SÃO FRANCISCO !...


PAI SÃO FRANCISCO!...
Há dias um amigo, já de longa confiança, começou com seu sorriso a querer brincar comigo, por nós os franciscanos, chamarmos, ao “Poverello”, “ Pai a São Francisco”. O meu amigo João a quem eu lhe fui explicando nosso carisma franciscano e o nosso afectivo pelo nosso Fundador ficou admirado. Quando fui para o convento a imaginação começou a bulir comigo: Não havia dúvida alguma o Pobrezinho de Assis, o cantor do Irmão Sol ou Cântico das Criaturas, o Serafim do Alverne, o cantor das avezinhas, o Fundador de três Ordens, dos Frades Menores, das Damas Pobres, dos Penitentes de Assis, o legislador, o Renovador da Humanidade, como lhe chamou Guedes de Amorim, o Rei da Juventude, como lhe chamaram os rapazes do seu tempo, o “Servo de Cristo”, como lhe chamaram os seus biógrafos contemporâneos, a mais fiel cópia do Crucificado do Calvário, como lhe chamou Frei Bartolomeu de Pisa, na sua obra tão expressiva: “As conformidades de Francisco com a vida de Cristo”.
Santo António de Lisboa, nas suas pregações chama-lhe o” Pai São Francisco”. Tomás de Celano, o primeiro biografo do Pai, o autor provável do”Dies Ira”. Cesário de Spira, o poeta que compôs os ofícios litúrgicos do Pai, de Clara, “a Plantazinha do Senhor”, como ela mesma se chamava.
Que beleza e satisfação conservarmos tanta coisa do passado sem sermos antiquados! O pai S. Francisco soube ser homem do seu tempo e apesar de ter vivido já há oito séculos é ainda um santo dos nossos dias.
Ele soube, como poucos, chamar todas as atenções para Cristo do Calvário, o pregador da Boa Nova. Soube dinamizar vivendo o Evangelho e dizendo que o “Amor não era Amado”.
O Pai São Francisco tinha para com a Mãe de Jesus, uma admirável devoção. Maria é na verdade “a glória do nosso povo”, venerada na nossa Ordem e à qual os franciscanos dedicaram a basílica de Santa Maria dos Anjos.

Fr. José Jesus Cardoso, OFM.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA

Depois de ter sido visitada pelo anjo, Maria foi a correr ter com a sua prima Isabel, que estava grávida. E a criança que ia nascer, João Batista, saltou de alegria no seio de Isabel. Que maravilha! Deus todo-poderoso escolheu uma criança que ia nascer para anunciar a vinda do Seu Filho!Pelo mistério da Anunciação e da Visitação, Maria representa o próprio modelo da vida que devíamos levar. Primeiro, acolheu Jesus na sua existência; depois, partilhou o que recebeu. Cada vez que recebemos a Sagrada Comunhão, Jesus, o Verbo, torna-se carne na nossa vida - dom de Deus, ao mesmo tempo belo, gracioso, singular. Assim foi a primeira Eucaristia: o oferecimento por Maria do seu Filho, que estava nela, nela em quem Ele tinha estabelecido o primeiro altar. Maria, a única que podia afirmar com absoluta confiança: «Isto é o meu corpo», ofereceu, a partir deste primeiro momento, o seu próprio corpo, a sua força, todo o seu ser, para a formação do Corpo de Cristo.A nossa Mãe, a Igreja, elevou as mulheres a uma grande honra diante de Deus, ao proclamar Maria Mãe da Igreja.

domingo, 14 de março de 2010

COMO FRANCISCO REZAVA


COMO FRANCISCO REZAVA

São Francisco que vivera inserido no mundo da riqueza, tornou-se no homem radical, no sentido de, após o chamamento de Cristo, ir até ao encontro do que Ele lhe pedia, restaurar a Igreja segundo o modelo indiscutível, Cristo, no compromisso de seguir o Evangelho. Sem Igreja não teríamos S. Francisco, disso não há a menor dúvida, mas também, sem Francisco de Assis, a Igreja não seria o que é, nem o que deveria ser. Não teve uma vida fácil, como nunca foi a vida e a palavra incómoda dos fundadores das Ordens Religiosas. Deparei com o seu modo de rezar, que me comoveu e me disse bem da frescura e vigor do seu “radicalismo”, na resposta aos seus contemporâneos a quem Cristo o envia. Assim rezava: “eu pecador e humilde servo de todos os irmãos, me confesso de sonhar com uma Igreja pobre, vestida somente de Evangelho e sandálias.” Esta simbologia muito apaixonante para S.Francisco, é clara e alusiva à missão evangelizadora que via cada vez mais urgente na Igreja do seu tempo, peregrina da história de Cristo. Uma missão que todos os seus frades responsáveis deviam inconfundivelmente seguir, tal como ele o recordou sempre ao escrever aos Irmãos Ministros, porque servos de todos em Cristo na Menoridade.

A imagem de uma Igreja vestida de Evangelho e sandálias, denuncia o projecto da autenticidade a prosseguir em cada dia. Um autentico projecto de conversão, dado que a Igreja ainda com muitos atavios de nobreza humana, bem pouco a condizer com quem se proclama serva e pobre Mãe e Mestra como a nossa Ordem.

São Francisco de Assis esteve sempre ao serviço dos pobres, dos mais desprotegidos, homem que optou pela Igreja dos mais pobres, chegando ao ponto de se dizer desposado com a Senhora Dama Pobreza a quem chama também irmã da Santa Humildade. O seu desposamento era tal que para ele esta Dama Pobreza era o que ele sentia ser o apelo de Cristo para ser vivido por toda a Igreja.

Passados muitos anos, o Concílio Vaticano II, trouxe gestos bem marcantes de renovação de uma Igreja mais revestida de Evangelho. Assim também a nossa Ordem abanada por este projecto de conversão se tem renovado e calçado as sandálias de Francisco de Assis. A vida do Evangelho opera-se antes de mais, no coração de cada um e pela fé livre e esclarecida que extravase do coração humano para o coração da sociedade. O que Falta nos nossos dias, são atitudes de humildade e verdade naqueles que são chamados à vocação, nesta sociedade cada vez mais globalizada, que nos torna vizinhos, mas não nos faz irmãos. As nossas comunidades precisam de vocação, ideal, ciência e fé, para que haja fraternidade na igualdade que S. Francisco queria para todos. A nossa relação fraterna deve destacar-se também, e de maneira muito relevante, pela fidelidade ao Evangelho e entre os irmãos da fraternidade.

Por isso mesmo Francisco inicia a sua Regra, escrita para ser vivida por todos os irmãos de todos os tempos por lhes dizer que “a vida e regra dos Irmãos Menores é viver o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, sem nada de próprio, obediência e castidade”.

Percorrendo os escritos de S. Francisco esta tónica da vivência do Evangelho é uma constante.

Fr. José de Jesus Cardoso, OFM.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

MORTIFICAÇÃO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Flagelou-se com castigos tão severos no corpo, foi demasiado rígido para consigo tanto quando tinha saúde, como quando estava doente. Nunca poupou o seu corpo. Por isso confessou, na proximidade do dia da sua morte, que pecou muito contra o irmão asno, quer dizer contra o seu corpo. (Leg 3C 14)

Francisco de Assis é simpático em muitos aspectos mas ao mesmo tempo apresenta-se-nos como uma criatura estranha e severa contra a sua própria pessoa: flagelação do corpo, o zelo excessivo que corresponde a uma visão do mundo dos nossos dias completamente diferente, centrada na cruz de Jesus Cristo.

Um excessivo dualismo: vive do conceito de que o corpo, é a parte inferior do homem onde reside o negativo e o mau. O espírito, é a parte superior do homem, que tem, portanto, que promover um movimento contrário. Tem de destruir, a assim chamada parte interior.

Hoje, quase se não pode falar à nossa juventude em mortificação. O Calvário e a Cruz, tinham para Francisco de Assis a beleza, a ternura e mortificação do sofrimento de Cristo. Francisco foi até à exaustão para o imitar.
No fim da sua vida, Francisco reconheceu que algo não estava certo. Até diz que pecou contra o corpo. Interpretando bem, vemos que continua ligado à visão do mundo dualista. Embora a imagem do burro seja bastante querida, um burro teimoso tem de ser castigado, mas não em demasia.

Francisco tinha de dar mais um passo, tinha de considerar o seu corpo como pertença da Criação de Deus, uma coisa mesmo criada por Deus, que se reflectiu, de forma especial em Jesus Cristo, “a Palavra feita Homem”, como nos recorda S. João no prólogo do seu Evangelho.
O zelo excessivo de Francisco, atraiu até aos nossos dias algo de válido para muitos jovens. Só a idade traz a sabedoria e a moderação. O válido é a decisão alegre com a qual alguém segue um objectivo. Um franciscano que não viva Francisco e o Evangelho será um triste frade que nunca se tornará santo.

Fr. José Jesus Cardoso, OFM·

CONVERSÃO DE FRANCISCO DE ASSIS

Um dos momentos mais profundos, no processo de conversão de Francisco foi, sem dúvida, o encontro com o leproso. O seu primeiro impacto, com uma pessoa totalmente desprezada na sociedade do seu tempo, por ser leproso, foi de imediata repulsa, impacto este que, depressa mudou como uma realidade vivida com dureza e amor ao próximo. Um encontro que mudou para sempre a sua maneira de ver o outro. Quem foi este leproso? Nós não sabemos e nunca vamos saber. O que sabemos é que antes Francisco sentia uma repugnância profunda pelos leprosos, depois, a repulsa tornou-se em doçura de alma e de corpo, como ele mesmo nos diz no seu Testamento. Totalmente envolvido com a mudança interior, veio o Mistério Redentor que o fere com o seu Amor Eterno, submetendo-o a uma prova maior, antes vivida de maneira natural, agora no rosto desfigurado de um leproso a prova da sua mudança; antes vivida no pecado, agora no amor divino, encontra a imagem do Cristo pregado na cruz que o deteve e o impeliu na direcção do leproso, e este o conduz novamente à essência de sua vida.

O amor é a única força, a única realidade que une aquilo que está separado, no seu caso, o Verdadeiro Amor que dá coragem de dar sentido novo às leis e as normas humanas. O Amor que dá a coragem de morrer para o outro viver. A partir daí, Francisco, torna agradáveis todas as coisas que antes lhe pareciam amargas e amargas aquelas que lhe pareciam doces.
Para Francisco este encontro selava a sua última fronteira. Não tinha mais dúvida de que Deus o tinha colocado no caminho certo. O irmão leproso não lhe era mais obstáculo para viver a sua felicidade. Estava completamente livre para amor Deus e seus irmãos, sem medos, nem preconceitos, sem se preocupar no que os outros iriam pensar ou falar, isso não importava. O mais importante era estar com o irmão desprezado, o problemático, aquele com quem ninguém quer falar ou conviver. Agora a sua companhia tornava-se-lhe agradável e completava a sua alegria interior.
É certo que o desejo mais profundo do ser humano é amar e ser amado. A busca deste desejo está na sede de amar sempre, mas só o amor verdadeiro torna a pessoa feliz. Por outras palavras, quando estamos verdadeiramente amadurecidos interiormente, deixamo-nos abrir à Vontade de Deus. Vale a pena lembrar que, “amar nos torna livres” e livres podemos amar sempre. Na verdade foi isso o que aconteceu com Francisco. Antes de se encontrar com o leproso percorreu este caminho, superando-se a si mesmo, aproximou-se e beijou-o. A partir de então com a força de Deus ficou cada vez mais humilde e venceu todos os obstáculos.
Como referi acima, nós nunca saberemos quem foi o leproso que se encontrou com Francisco. O beijo do leproso é o beijo da paz, da união, da caridade e da esperança.

Fr.José Jesus Cardoso, OFM.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

REZAR É UM DEVER DO CRISTÃO... DEUS ESCUTA?

Rezar é bonito, quando tudo corre bem! Mas quando as coisas correm mal? Quando por exemplo morre uma pessoa querida torna-se difícil rezar e se não formos logo atendidos, desanimamos. Lembro-me de quando era jovem sem ter feito nada de mal, passei por várias provações sem ter contribuído nada para elas, mesmo quando andava na escola. Mesmo assim rezava. Deus escutava? Defacto é bonito rezar quando tudo corre mal.
O que é a oração? Mais do que expôr a Deus as nossas aflições, para que Ele nos oiça (Ele bem sabe do que precisamos), a oração consiste em ouvir de Deus o que deveríamos fazer.
A oração não deve ser motivo de colocar Deus ao meu serviço, mas pôr em prática o que Ele nos faz compreender. Por isso, a verdadeira oração transforma a nossa vida. São muitos os modos de rezar, mas no fundo a oração é sempre a mesma. Confiar em Deus é deixar-se guiar por Ele. As dificuldades e os sofrimentos existem, sem dúvida contudo, quando as dificuldades pesam, falamos como as crianças que, cansadas, adormecem no colo da mãe.
O Senhor sabe que muitas vezes sofremos injustamente! Assim, quando a dor nos bater à porta, rezar significará esperar, em silêncio a hora da paz, com paciência e serenidade.
E se não formos atendidos logo desanimamos? Quem pode dizer que o Senhor nos escuta? Tudo é um mistério que nunca iremos perceber. Jesus, o mais inocente de todos, teve de morrer para dar um sentido à nossa dor. Porquê? O sofrimento é um mistério e uma graça. Só no Verbo de Deus feito Homem, encontramos a explicação para a nossa alegria e o nosso sofrimento. Jesus sofreu e morreu por nós. Só o Pai sabe porque isso aconteceu.
Rezar é, portanto, confiar em Deus, Santa Teresa do Menino Jesus dizia: “ a santidade não consiste nesta ou naquela prática, mas numa disposição do coração que nos torna conscientes da nossa fraqueza e confiantes na bondade de Deus.
Foi esta fé que sustentou os nossos santos: S. Francisco de Assis, Santa Clara de Assis, Santa Teresa, Santo António e muitos outros.



Fr. José de Jesus Cardoso, ofm.

 
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