“ Senhor; ensina-me a observar a Tua lei; guardá-la-ei com todo o coração”(SI 119,34).
Jesus, dizia a propósito dos escribas e fariseus:”Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não procedais segundo as suas obras, pois eles dizem e não fazem” (Mt 23,3). Jesus não duvida em reconhecer a autoridade dos doutores da lei, cuja missão era instruir religiosamente o povo, e recomenda seguir os seus ensinamentos; é um exemplo de como se deve obedecer a todos os que têm o cargo da direcção e do magistério, ainda que o não exerçam com dignidade. Por outra parte, Jesus põe os seus ouvintes de sobreaviso contra o comportamento dos doutores da lei descobrindo o seu defeito fundamental:”Dizem e não fazem”.
Todos os homens podem pecar por incoerência mas, se esta é condenável em todos, muito mais o será naqueles que, ou por missão que exercem ou pela vida que abraçam, têm obrigação rigorosa de confirmar, com as suas obras, a doutrina que ensinam e professam. Conhecer suficientemente o campo das realidades sem se preocupar por levar à prática essa teoria, cria situações muitas vezes deformadas; discute-se a virtude e a santidade e actua-se ao nível das paixões e de vícios que não se combatem. Esta “incoerência” ameaça particularmente os “praticantes”, sem excluir os consagrados, reduzindo-os, assim, a uma vida de mediocridade, desprezada dos homens e condenada por Deus. “ Conheço as tuas obras e sei que não és frio nem quente. Oxalá fosse frio ou quente! Mas, como és morno e não frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”(Ap 3,15-16).
Deus não quer ser servido na base dum legalismo frio, mas com todo o coração, por amor e o amor, autêntico de dar sem medida.
É necessário abrir o coração ao evangelho para o aceitar integralmente, tal como Jesus o anunciou. Continuemos o caminho da Cruz, nesta Quaresma que se aproxima do Calvário.