Flagelou-se com castigos tão severos no corpo, foi demasiado rígido para consigo tanto quando tinha saúde, como quando estava doente. Nunca poupou o seu corpo. Por isso confessou, na proximidade do dia da sua morte, que pecou muito contra o irmão asno, quer dizer contra o seu corpo. (Leg 3C 14)
Francisco de Assis é simpático em muitos aspectos mas ao mesmo tempo apresenta-se-nos como uma criatura estranha e severa contra a sua própria pessoa: flagelação do corpo, o zelo excessivo que corresponde a uma visão do mundo dos nossos dias completamente diferente, centrada na cruz de Jesus Cristo.
Um excessivo dualismo: vive do conceito de que o corpo, é a parte inferior do homem onde reside o negativo e o mau. O espírito, é a parte superior do homem, que tem, portanto, que promover um movimento contrário. Tem de destruir, a assim chamada parte interior.
Hoje, quase se não pode falar à nossa juventude em mortificação. O Calvário e a Cruz, tinham para Francisco de Assis a beleza, a ternura e mortificação do sofrimento de Cristo. Francisco foi até à exaustão para o imitar.
No fim da sua vida, Francisco reconheceu que algo não estava certo. Até diz que pecou contra o corpo. Interpretando bem, vemos que continua ligado à visão do mundo dualista. Embora a imagem do burro seja bastante querida, um burro teimoso tem de ser castigado, mas não em demasia.
Francisco tinha de dar mais um passo, tinha de considerar o seu corpo como pertença da Criação de Deus, uma coisa mesmo criada por Deus, que se reflectiu, de forma especial em Jesus Cristo, “a Palavra feita Homem”, como nos recorda S. João no prólogo do seu Evangelho.
O zelo excessivo de Francisco, atraiu até aos nossos dias algo de válido para muitos jovens. Só a idade traz a sabedoria e a moderação. O válido é a decisão alegre com a qual alguém segue um objectivo. Um franciscano que não viva Francisco e o Evangelho será um triste frade que nunca se tornará santo.
Fr. José Jesus Cardoso, OFM·
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