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terça-feira, 1 de maio de 2007

UM CASO DA VIDA

UM CASO DA VIDA

Num destes dias, fui confrontado com uma dura e triste realidade. Estava sentado num centro comercial, quando reparei num homem que passava varias vezes pela mesa onde eu estava.
Primeiramente, pensei que andasse a procura de alguém; mas como o vai e vem era permanente e tão rápido, parei de tomar o meu café, e discretamente, detive-me a ver o que ele fazia.
Vi, então, que ele se sentava nas mesas que eram desocupadas pelas pessoas que acabavam de almoçar e, num abrir e fechar de olhos, rapava todos os restos de comida que lá se encontravam. Comia-os, sofregamente. Notava-se mesmo, que tinha fome e aqueles restos eram para enganar o estômago e a única refeição que tomava.
Fiquei calado, engasgado e a chorar por dentro, apesar de os olhos terem ficado humedecidos. Disse para os meus botões: «como é possível? Desperdiçamos tanta coisa e o que nos sobra serve para matar a fome a um pobre homem».
Não sabia o que fazer, pois via-se que ele tentava disfarçar as suas tentativas de comer os restos. Era um senhor vestido com um fato modesto e um jornal debaixo do braço, igual a tantos outros senhores. Ninguém diria que tinha fome... Mas tinha. Era um «pobre envergonhado».
Como disse fiquei triste, colado à cadeira, como dilema diante de mim: se me dirijo a ele a perguntar se tem fome, ele leva a mal e foge; se nada faço, fico com um peso de consciência.
No meio daquele drama humano, dei por mim em oração: «Jesus, estou a ver – Te neste homem. És Tu que passas diante de mim e me dizes – tenho fome e nada me dás de comer. Perdoa-me Senhor, porque não tenho coragem de me dirigir a Ti e te matar a fome, porque não quero matar a honra do irmão em que Te vejo. Faria tudo o que Tu quiser, ajuda-me a ajudar este meu irmão».
Uma das formas que tenho para ajudar este irmão e todos aqueles que estão sem abrigo e com fome envergonhada é partilhando o caso com todos aqueles e aquelas que lêem estas letras , para que todos andemos mais atentos aos mais desfavorecidos e possamos ver a Jesus . Temos de arregaçar as mangas e meter mãos à obra.
Para mim, foi verdadeiramente um encontro, uma aparição do Ressuscitado. Eu vi o Senhor, ao beber um café.

Correio do Vouga (Sérgio Carvalho). Abril 2007.

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